segunda-feira, 27 de agosto de 2018

A culpa! A filha da puta da culpa!

Quem acompanha o que escrevo sabe que, ultimamente, pelos motivos mais que óbvios, a actividade aqui no blogue tem estado meia paradinha.
Escreve-se umas larachas nas páginas das redes sociais e pouco mais. Não por não haver o que dizer (muito, mesmo muito pelo contrário) mas por já estar naquela fase em que seria capaz de ficar um mês sem fazer um cacete que nem iria dar conta que ele tinha passado!

O meu amor maior está, efectivamente, cada vez maior!
Linda, inteligente, desenrascada, divertida, esperta e tudo aquilo que deixa os pais cheios de orgulho, achando, por breves segundos, que só a nossa é que faz certas coisas, diz certas coisas e age de determinada forma!
Por mais que não seja porque a nossa é nossa e só (e chega) por isso mesmo é infinitamente mais especial!

Mas, no meio de todo este amor e sentimentos avassaladores, existe um filha da puta que nos deixa a todas capazes de chorar baixinho, com nós na garganta e os olhos cheios de lágrimas!
Senhoras e senhores, a culpa!

Muito já se escreveu sobre este assunto e julgo ser realista o suficiente para afirmar que todas nós já passamos por isto!

E esta merda processa-se mais ou menos assim:

1) Todos os dias levamos os miúdos para a escola, porque temos de ir trabalhar, e como ainda ninguém trabalha porque não tem mais nada para fazer, assumo que o trabalho seja uma obrigação e como obrigação que é está mais do que certo deixar a miúda todo o dia na escola! Portanto lá fica ela e eu venho trabalhar, tranquila, porque até sei que ela está super bem entregue. Não há stresses, não há lágrimas!

2) Verão. Aquela festa super curtida que gostava tantoooo de ir! Posso deixar a miúda com a avó ou com o tio ou até mesmo na ama (sei que ela fica lá tão bem).
Oh afinal também tenho direito à vida! Possa, já há tanto tempo que não saio! Tenho tantas saudades de ir abanar a peida!

E pronto, é isto! A primeira coisa que o nosso cérebro faz é começar a justificar o porquê de nos querermos divertir! Porquê senhores, porquê?
Isto a bem dizer é uma grandessíssima cagada, ou seja, se for para a malta esfolar o couro a trabalhar está tudo impecável, se for para nos divertirmos um bocadinho já estamos a arrancar cabelos, questionar se somos boas mães e se a miúda vai sentir a nossa falta!

E nem vale a pena começarem com os testemunhos do que isso a mim não me afeta, bréu, bréu, bréu, pardais ao ninho, porque, minhas amigas, se ainda não vos afectou, tarde ou cedo irá afectar!

Eu já era a Susana, a mulher, a namorada, a filha e a amiga antes de ser mãe e esforço-me todos os dias para ter isso bem presente na minha mente e na minha vida!
Lá muito esporadicamente, naquela fase em que estou quase a dar em doida com a rotina de ter um bebé em casa, vou sair, vou beber café, vou à praia...sem ela.
Vou com as minhas amigas, com a minha mãe, com o pai da criança!
Sim, vou com o coração nas mãos porque a filha da puta da culpa está lá, quer queiramos, quer não, porque nos impigem isso todos os dias como se de um mandamento se tratasse, porque mãe não é mãe a não ser que se esfole para fazer tudo (e só) em prol dos filhos, porque mãe deixou de ter vida para além desta assim que a cria nasceu; como se todas as noites em claro, as olheiras, as mamas feitas em frangalhos, os quilos a mais, as cicatrizes, o sono, as birras deles, as dores deles que são sempre nossas, as febres, as consultas, as preocupações e sempre, sempre o infinito amor não justificassem que somos mães e somos e seremos sempre as melhores mães para os nossos filhos.

Ainda não passamos por gerações suficientes para deixarmos esta ideia pré-concebida pelas nossas bisavós para trás, mas por isso mesmo eu vou, vou à praia, ao café, vou abanar a peida, porque um dia quero que a minha filha saiba que nunca nada nem ninguém será mais importante na minha vida que ela, mas faço-o para que perceba que não terá que pôr em causa o amor que sinto por ela por eu também querer ser a Susana.

Mães infelizes nunca educarão crianças felizes!





sexta-feira, 1 de junho de 2018

Que sejas para sempre criança

Abrir a 01/06/2038
Lagos, 1 de Junho de 2018


Minha filha, quando leres estas palavras terás 20 anos, a mamã 53 e o papá 59!
Só de pensar nisso até me dá arrepios! Não por mim, muito menos pelo papá, que sempre achou que iria parecer um jovem, mas por ti! Estarás uma menina-mulher nesta altura e tanta coisa se terá já passado!
Hoje assinalamos o teu primeiro dia da criança, e que criança feliz tu és!
Com 5 meses és de riso fácil! Se sorrirem para ti, tu também sorris. Parece-me que gostas de ver pessoas bem dispostas e por isso retribuis sempre com esse sorriso lindo e de gengiva à mostra! Quando o fazes, uma pequenina covinha forma-se na tua bochecha direita e os teus olhinhos ficam pequeninos e ainda mais amendoados! És uma ratona, sabias? E nem imaginas o quanto o papá e a mamã se orgulham de ti.
Adoras estar de barriga para baixo e de cabeça levantada, pareces um cágado e desde o primeiro mês de idade que a mamã te coloca assim.
Quero-te forte, inteligente, esperta, mas especialmente quero-te feliz!
O papá deu-te uma fraldinha para te deixares dormir agarradinha a ela, e sabes que resultou? Será que ainda te agarras a uma fralda quando precisas de conforto?
A avó Zezinha ofereceu-te um porca de pelúcia e desde os teus dois meses que dormes com a cara encostada a ela. Agora, com cinco, já a agarras, "discutes" com ela e mordes-lhes as patas e as orelhas!
E que bom é ver-te desenvolver!
Detestas tomar banho. Carinhosamente a mamã diz que pareces um touro dentro de água, porque ora bates com a cabeça na banheira, ora a empurras com os pés! Para perceberes a dimensão, o papá tem que te agarrar, enquanto a mamã te lava o corpinho e a cabeça.
E que bom é ver-te cheia de força!
Quando as coisas não te agradam também não fazes fretes. Abres a goela e pulmões para que vos quero! Pões a cara de Poker Face (logo falamos sobre esta música, é da época da mãe) e não queres saber de nada! Desde os teus três meses que a  tua pediatra diz que tens um feitiozinho "se faz favor", que é como quem diz: a mamã e o papá têm um longo trabalho pela frente!
Adoras estar na tua casa.
Adoras o papá e a mamã. 
Adoras estar nua.
Adoras acordar na cama da mamã e do papá e nos puxares os narizes.
Adoras a girafa colorida e a luva de brincar que a Avó Fátinha ofereceu.
Detestas fruta e papa.
Detestas colocar soro no nariz.
Detestas levar vacinas, mas quase que não choraste quando levaste as dos quatro meses. O papá ficou cheio de orgulho da sua menina!
Detestas vestir-te.
Meu amor, por esta altura já teremos passado pelas birras descomunais dos dois anos, já terás começado a andar, já falarás (uma tagarela como a mãe, tenho a certeza!) já terás deixado as fraldas, já terás ido para a escola primária, secundária e, se assim o quiseres, universidade! A mamã e o papá gostavam, mas deixaremos essa decisão para ti, aquilo que te fizer feliz, far-nos-á felizes a nós!
Já terás tirado a carta de condução e possivelmente já terás carro!
Já terás sofrido a primeira desilusão amorosa e a mamã terá estado, como estará sempre, por perto para te amparar nas quedas e dar-te colinho sempre que precises.
Estarás uma mulher, e é inevitável imaginar, enquanto escrevo estas linhas, como serás.
Que este primeiro dia da criança seja uma viagem que possas sempre recordar:
Que continues a sorrir só porque sorriem para ti, como se tivesses cinco meses,
Que continues a gargalhar, cada vez que fazem cócegas no pescoço, como se tivesses oito meses,
Que continues a queres sempre o colinho dos papás como se tivesses um ano, 
Que continues a brincar como se tivesses quatro anos,
Que continues a imaginar o mundo à medida da tua criatividade como se tivesses seis anos,
Que continues a fazer palhaçadas como se tivesses dez anos.
Que mantenhas sempre este espirito dentro de ti pois para os papás nunca deixarás de ser a nossa bebé!
Feliz dia da criança minha vida!
Beijinhos dos papás que te amam muito.







sexta-feira, 25 de maio de 2018

Agora que sou mãe...

Antes de ser mãe imaginava que o amor por um filho fosse algo incondicional e maravilhoso.
Antes de ser mãe imaginava que as dores deles deveriam ser uma dor horrível e inqualificável para nós.
Antes de ser mãe imaginava o que seria o desalento e o despropósito de vida ao perder um filho.
Antes de ser mãe imaginava a alegria que seria pegar no nosso bebé ao colo e aninhá-lo a nós.
Antes de ser mãe imaginava de que forma o sorriso dele me faria soltar lágrimas de tanta alegria.
Antes de ser mãe imaginava que todas as novas descobertas deles fossem um orgulho para nós.
Antes de ser mãe imaginava como o iria educar e o que iria, ou não, fazer, como se de um teste de matemática se tratasse e 2+2 serem 4.
Antes de ser mãe imaginava...
Só imaginava!
Não há forma nenhuma de saber o que é ser mãe, até o ser!
Não há forma de explicar o que se sente, nem tão pouco que aquilo que se imagina se compara com o que, efectivamente, se sente!
Agora que sou mãe sei que o amor pela minha filha supera tudo e que não pensaria duas vezes em dar a minha vida pela dela, se assim tivesse que ser.
Agora que sou mãe sei que as dores da minha filha são só comparáveis às dores mais intoleráveis que alguma vez senti, e que o choro dela faz transbordar todo o meu sentimento de impotência!
Agora que sou mãe não consigo sequer imaginar ou conceber o que é perder um filho, e espero nunca saber. Quem não é mãe e acha que consegue imaginar, desengane-se...não consegue!
Agora que sou mãe sei que a cabecinha da minha filha será o meu cheiro preferido para toda a minha vida, e que nada me faz sentir tão feliz e realizada como pegá-la ao colo e aninhá-la a mim!
Agora que sou mãe faço todas as parvoíces deste mundo e do próximo só para ouvi-la gargalhar!
Agora que sou mãe continuo a não saber explicar o que sinto todos os dias quando a vejo crescer!
Agora que sou mãe seria capaz de passar um dia inteiro só a beijar as bochechas gordas da minha filha!
Agora que sou mãe sei que todas as filosofias de educação caíram por terra assim que ela nasceu e que é muito mais fácil criticar do que compreender.
Agora que sou mãe...serei para sempre mãe!


segunda-feira, 23 de abril de 2018

Somos todas Carolinas Patrocínio - Só que não!

Hoje tomei coragem e fui tentar comprar um fato de banho. Depois do que vi, devia era ter tomado um xanax para ver se me acalmava os nervos!
Nos últimos quatro meses, cada vez que me olhava ao espelho ia tentando convencer-me que "ainda só passou um mês" ; "ainda só passaram dois meses", e agora que já passaram quase quatro começo a acreditar que esta badocha mole e pendurada não vai desaparecer daqui!
Ok, ok! Nunca fui uma Carolina Patrocínio, aliás, fiquei assim mais pra Carolina Deslandes, que, diga-se de passagem, é o normalinho, aquilo que seria de esperar num pós-parto!
A questão é que nunca gostei da barriga de grávida da Patrocínio. Não gosto, pronto! Cada vez que via aquela barriga toda esticadinha sem uma grama de gordura ficava indecisa entre pensar que ela se parecia com a Barbie grávida que tive quando era miúda, ou se se tinha transformado na Ripley prestes a explodir o Alien!
Não gosto! Mas o que é certo é que a rapariga acaba de parir e parece estar pronta para ir correr a maratona! E não, não é uma critica! Não gostar da barriga de grávida dela é uma coisa, invejar a barriga pós parto é outra!
Olho para as fotos dela e só me apetece dizer um grandessíssimo "FODA-SE"! E porquê? Porque se eu já achava que a recuperação de uma gravidez era difícil antes de engravidar, agora, depois de ser mãe percebo na pele o quão complicado é!
O corpo dela é o resultado de muitos e muitos anos de exercício físico, disciplina e boa alimentação, coisinhas que eu nunca passei cartão! Epah! Aborrecem-me! 
Ora uma pessoa pagar para se cansar (ginásio), ou fechar a boca a certas comidinhas (porra, comer é tão bom) ou ainda acordar às 6 da matina para ir correr! Pois....não! Nunca aconteceu! Sou aquela menina que o desporto favorito é o zapping e o sofá é o melhor lugar do mundo! Portanto agora, a modos que aguento-me à bomboca!
Mas, lá fui eu, até porque o Verão está à porta.
Comecei pelos fatos de banho e tenho a dizer que quem um dia teve a infeliz ideia de sugerir que estes serviam para esconder barrigas indesejadas foi porque, certamente, nunca teve uma!
Portanto, o panorama da minha vista ao espelho era o seguinte:
As putas das luzes brancas continuam a ser colocadas nos provadores das lojas porquê? Porquê senhores?! Mas ainda ninguém informou os donos das ditas lojas que o terror de qualquer mulher são luzes brancas? Aquela porcaria faz evidenciar até o que não existe, quanto mais quando existe e se vê a olho nu!
As minhas mamas pareciam chegar-me ao umbigo e o facto da Maria Clara ter mamado só numa antes de entrar na loja fez com que existisse ali uma deficiência grave ao nível do enchimento do soutien! Quase que as amigas me piscavam o olho, uma cheiinha e mais altinha e a outra lá quase nos confins da barriga!
O meu rabo ficou perdido algures entre o final da gravidez e os quatro meses pós parto, ele que sempre fora empinadito parece agora querer beijar o chão devido à falta de músculo!
As minhas costas criaram também pequenas mamas, especialmente quando baixo os braços, e sendo que não vou andar na praia tipo Cristo-Rei, desconfio que não seja uma coisa muito agradável de se ver!
As minhas pernas (valha-me Deus e todos os Santos) têm uma camada tão evidente de celulite que parece a EN125 cravadinha de buracos!
Passei às cuecas subidas, e mais uma vez, aquela merda só serve para...adivinhem? Quem tem uma tabuinha no lugar da barriga! Para além de ainda a evidenciar mais, o facto de apertar ligeiramente acima do umbigo cria ainda mais um pneuzinho! (E eu que ainda não tinha nenhum!)
Ok, vamos lá aos soutiens, alguma coisa há-de ficar bem, pensei eu - inocente, sabe de nada!!
- Formato triângulo: giros, sexy e sensuais como os que costumava usar...exato! Passado! Nunca mais estes balões murchos vão ficar bem naquilo!
- Cai-cai: Merda-merda, a cair já isto está! Mas ainda tentei! A coisa até nem tinha sido muito grave se o suporte destes ditos não fosse uma tirinha de meio cm para carregar os 4kg de mamas!
- Triângulo com renda e forro: Olha estes até as arrebitam um bocadinho...ah e isto aqui é o quê? Ah merda, o mamilo!
- Caixa redonda com armação e almofadas: Yep, parece que agora tenho as mamas na boca, mas lá está, daqui não saem!
Saí do provador e fui escolher as cuecas-minimamente-decentes-para-um-cu-pós-parto.
Peguei em 3 ou 4, com tirinha, sem tirinha, mais cavada, menos cavada e lá fui eu novamente enfrentar o "espelho meu, espelho meu, há alguém mais flácido do que eu?".
Descalcei-me, outra vez!
Despi as calças, outra vez!
Tiro as cuecas da cruzeta, outra vez!
Visto uma perna das cuecas e a Maria Clara acorda numa birra descomunal como se a estivessem a espancar!
Fuck this shit!! A praia é sobrevalorizada.








segunda-feira, 2 de abril de 2018

Cenas maradas da maternidade

Ter um filho significa, entre muitas coisas, ter o coração fora do peito o resto da nossa vida; significa também amar um ser de forma incondicional e significa ainda querer protegê-lo de todos os males do mundo, preferencialmente com 1500 beijinhos por minuto!
Mas, significa também, começarmos a desenvolver uns comportamentos um tanto ou quanto estranhos...ora vejamos:
- Passamos a fazer uma festa, dar pulinhos para trás, sorrir muito e enaltecer o trabalho feito quando o bebé, txaram...faz cocó!
"Oh coisinha mais boa, o bebé fez cocó, fez? Que lindo! Muito bem amor! Já não dói a barriguinha, não? Yeahhhh, que bom!!"
- Ficamos um bocado chonés e achamos que a criança com 15 dias já sorri!
"Olha, olha, acho que sorriu! Já viste?? Oh que coisinha mais boa da mãe!!" E vai-se a ver e a criança estava só a espremer-se para mandar uma bela duma cagada!
- A determinada altura sabemos que temos ali um ser humano, mas durante um tempo não o encaramos como tal, pois tudo o que o bebé faz parece ser, para nós, a última fase de testes da NASA!!
" Ohh tu viste-a a bocejar? Coisinha mais boa dos pais!" (Epah que me lembre os animais também bocejam...hmm..se calhar não! Só os bebés recém-nascidos!)
" Santinho amor!! Ahhhhhhh ela espirrou!!!! Oh Meu Deus, que fofiiiiinha!!!" (A sério?!)
" Ohhh que grande arrotinho meu amor (Sais mesmo à mãezinha)!!"
" Pfffuuu já viste os gases que ela manda!!?? Jesus! Parece um adulto!! Que bom, dá peidinhos amor, dá!" (Momento único em que ficamos felizes por cheirar as bufas de alguém!)
" Epah o cocó dela cheira mesmo mal!!" (Hmmmm...deixa lá ver...é cocó!)
" Olha, olha para ela a brincar com as mãozinhas!! Que fofura!" (Brincar...?! Ehk, de maneiras que se calhar, não!)

Hmm...então e esta cena de os tratarmos por você?? 
" Aiii que grande preguiça meu amor! Está a espreguiçar-se, está!?
" Tem um grande soninho, bebé, quer dormir, quer?"
Mas de onde é que isto veio, senhores??!!

E falarmos na 3ª pessoa??
" A mãe vai fazer as papas, vai?"  
" Fica aqui, fica, a mãe vai só à casa de banho, está bem?" 
Eles não vão responder, mas é com cada diálogo-monólogo capaz de encher uma casa!



Possivelmente pela primeira vez não nos importamos de parecer chonés, choninhas, maluquinhas, pieguinhas ou outras coisas acabadas em -inha que agora tanto dizemos! Afinal, ficamos todas assim quando nos apaixonamos, certo?
E este, é sem dúvida, o grande amor da nossa vida!









terça-feira, 20 de março de 2018

Baby Blues! O outro lado da maternidade!

Poucos dias depois da Maria Clara nascer, disseram-me "sei que és uma gaja rija mas atenção aos baby blues, é uma fase lixada"
Ouvi aquilo, tinha uma noção do que era, mas, honestamente, nada que tivesse ouvido ou lido me tinha preparado para o que aí vinha!
A coisa manifestou-se pela primeira vez no dia que saí do hospital. Por inexperiência, pensamos que os cintos dos carros fossem todos do mesmo tamanho, e como tal nunca nos passou pela cabeça não conseguir colocar lá o ovo!
O ovo não cabia, o cinto não chegava e na minha cabeça começou a dar-se a primeira revolução, o meu lado pragmático dizia-me que aquilo se iria resolver e que iriamos para casa, o meu lado hormonal dizia-me que não! 
As lágrimas escorriam-me pela cara sem que as conseguisse controlar! Soluçava, em silêncio, para que aquilo acabasse! Apoderou-se de mim uma tristeza inigualável, o que era algo completamente contraditório! Deveria estar feliz, como nunca estivera! Tinha o meu bebé ao meu lado, o meu sonho concretizado, porque raio então só me apetecia chorar?!
Lembro-me, claramente, desse conflito interno, por um lado queria calar-me, acabar com aquilo, por outro, não conseguia, por mais que a razão me dissesse para o fazer!
A ideia de que o instinto nos diz tudo está errada! Lembro-me de pensar vezes sem conta, enquanto olhava para a minha princesa, o que iria fazer com ela! 
Como saber se tinha frio, se tinha calor? Se tinha fome ou precisava de arrotar? Se um arroto bastava ou tinham que ser mais?
Se a água do banho estava morna o suficiente, ou se ela chorava porque era Inverno e o raio da água estava fria?!
Lembro-me de não me lembrar de uma série de coisas, porque a minha memória tinha ficado em parte, naquele hospital! De me sentir um zombie cada vez que acordava de noite para amamenta-la!
Ainda consigo sentir as dores nos mamilos cada vez que ela sugava!
A nossa paciência (e experiência) cresce à medida que eles crescem também, e não pelo simples facto de nos termos tornado mães! Dei por mim a gritar muitas vezes com um ser que chora porque não tem outra forma de comunicar, e de consequentemente, me sentir a pior pessoa do mundo por o fazer! 
O karma, nestes assuntos, é imediato! Assim que me saía um "porra pah!" por ter dormido 2 horas e o choro dela se ter metido por trás das minhas orelhas, tal alarme que não desliga, imediatamente o meu choro começava e o arrependimento do grito também!
Senti uma carga enorme em cima, por mais ajuda que pudesse ter! 
Temos que saber porque é que eles choram, mas não sabemos!
Temos que saber se têm fome, sono ou frio, mas não sabemos!
Temos que ter paciência, porque eles não têm outra forma de comunicar, mas não temos!
A privação de sono, ainda é, uma das mais dolorosas formas de tortura, e nós, mães, passamos por ela como se da coisa mais natural se tratasse! Não é! 
"Ah mas quando olhamos para eles e eles sorriem, tudo compensa!" - diziam-me!
Não, não compensa! Ela ainda não sorri! Dizia eu, com um misto de ironia e amargura!
Faz caretas, que parecem sorrisos, mas só se está a espremer para fazer cocó!
Não dorme e passa os dias pregados à minha mama! Estou cheia de dores nos mamilos, de cabeça e tenho sono! E à noite leva cerca de 4 horas a chorar até se deixar dormir!
Não estou feliz, estou exausta! Era a única coisa que conseguia pensar! E cada vez que falava nisto, tinha que fazer uma força gigante para não desatar a chorar!
Dei por mim a conseguir proezas como dormir enquanto o meu braço se mexia para embala-la no berço à noite ou fechar os olhos e sonhar sentada, enquanto ela mamava!
Chorei muito! Hormonalmente não conseguia controlar! Chorava quando ela chorava e chegava ao desespero depois de ouvi-la durante 3 horas em choro ininterrupto!
Chorava quando olhava para ela, finalmente, a dormir!
Chorava por ela ser tão frágil e tão pequenina é só querer protege-la para sempre!
Chorava quando me sentia a pior mãe do mundo por ter mandado um berro!
Chorava quando só queria uma manhã de folga para puder recuperar e não podia porque ela precisava de mim para comer!
Chorava de dores, no útero, na cicatriz, nas mamas e nas hemorrodias! 
Chorei tanto quando consegui ir à WC pela primeira vez que desejei parir outra vez ao invés daquilo!

Somos feitas de sentimentos de culpa a partir do momento que nos tornamos mães, e o primeiro mês do bebé é o rei deste estado!
Não somos todas iguais, os bebés não são todos iguais, mas se esperamos ver logo arco-íris e unicórnios, a coisa vai ser ainda mais difícil de gerir!
As primeiras seis semanas são lixadas! Passamos por uma descarga emocional fortíssima e por privações que nunca antes haviamos passado! 
Estamos a conhecer o nosso bebê e ele a nós!
Estamos a descobrir a nova vida enquanto casal e pais!
Vamos chorar muito, vamos desesperar!
Vamos querer fugir, nem que seja por umas horas!
Vamos ter a plena consciência que alguém depende de nós e por isso mesmo vamos ter o coração fora do peito o resto da vida!
Vamos perceber que chorar faz parte e que desde que a dada altura passe, é normal!
Vamos acreditar que tudo vale a pena quando eles olham para nós e pela primeira vez sorriem! Porque, verdadeiramente, é a melhor coisa da vida!
É muito difícil, mas a tarefa mais gratificante que alguma vez pudemos desempenhar!
Ser Mãe - o trabalho mais difícil do mundo!   



sábado, 10 de fevereiro de 2018

O Parto (não foi uma hora pequenina)

8h30 da manhã de dia 1/1/2018 - Não! Não foi o dia do nascimento da minha cria, foi o início da minha aventura na maternidade do Hospital do Barlavento Algarvio!
Imaginei, muitas vezes, como seria o meu parto, como seriam as dores, se seria parto normal ou cesariana, mas sem fazer grandes filmes à volta disso! Queria que o meu bebé nascesse perfeito e saudável independentemente da forma como cá chegava, no entanto, houve uma situação que nunca me passou pela cabeça! Não dilatar!
Mas, vamos por partes:
- 40 semanas e 6 dias, dia 31/12 dou entrada no hospital segundo indicações da médica que me havia atendido no dia 27/12 (data prevista era dia 25), uma vez que me tinha dado a escolher se queria marcar a indução para dia 31 ou dia 2, sendo que dia 1 não faziam esse tipo de marcações.
Ora, uma vez que não tinha programado dançar até às 7 da matina nem apanhar uma bezana de caixão à cova, o dia 31 pareceu-me bem, com jeitinho ainda nascia à 00h01 e era o bebé do ano (yep, tenho uma cena com datas)
- Chegada ao hospital sou atendida por outro médico que assim que olha para a dpp diz-me que não vou ficar internada porque ainda estou de 40 semanas (really?!)
Faço CTG e verificam que não tenho contrações nem dilatação! - ok, vou para casa e volto a 2/1 - penso eu! Mas não, o Sr. Dr. manda-me para casa e diz-me para voltar dia 1/1, data das 41 semanas (really?!) Bom, lá vou ter que ir curtir a passagem de ano com uma bola de basquete no lugar da barriga e se tudo correr bem não me rebentam as águas a meio dos foguetes!
- Dia 1 (só acredito quando lá ficar)
8h30:
* Dilatação: 0
* Contrações: sim, mas sem dores
* Início do processo com comprimido na bochecha
E lá fiquei eu, a andar pelos corredores, a fazer agachamentos e exercícios na bola de pilates até às 16h00, hora de troca de turno, novo toque e... Tudo igual!
16h30:
* Mais um comprimido na bochecha
Passei às danças, ao orgasmo (sim, mentes pudicas, ajuda a dilatar, e uma vez que não tinha dores até ajudou a descontrair, vá, deixem lá o ar espantado, se não fosse isso não havia bebés e ninguém estava a ler isto!)
Novo toque as 22h30 e...tudo igual!
"Olhe, agora vamos parar a medicação para puder descansar durante a noite, amanhã retomamos" - Epah! Espetacular!!
- Dia 2 (de hoje não passa, primeiro pensamento assim que acordei)
8h30:
* Comprimido vaginal e descolamento da membrana
"Já não faço é nada! Não quer sair, não saia, ando eu a cansar-me para nada!"
15h30:
Novo toque e..."já tem dilatação!"
"Uhhhuhhhh!!! É hoje!!!"
"1 cm!"
"Whattt??!!"
16h30:
Mudança de turno e entra a enfermeira-parteira que me tinha admitido no dia 1, quando percebeu que ainda ali estava perguntou-me, com o ar mais sarcástico deste mundo (adoro), se achava que aquilo era algum hotel. Disse-lhe que este ano não tinha ido de férias, como tal achei bem passar ali uns dias, tendo em conta que ainda não tinha feito mais nada a não ser comer e tomar banho!
"Vamos lá rebentar a bolsa, então!"
P#7@ que pariu! O meu centímetro continuava sem aumentar e para que a bolsa rebentasse, a Sra enfermeira enfiou-me um qualquer objecto metálico com uns bons 30 cm pela fofinha adentro! Não foi agradável! Fiquemos por aqui na descrição!
17h00:
Venha de lá a ocitocina na veia!! Aaaalelluiiiaaa!!!
18h00:
Mas eu não posso lanchar?? 'tou cheia de fome e se não comer como é que depois tenho forças para o bebê nascer??
19h00:
Parece que isto já vai mordendo, já sinto qualquer coisita!
19h30 - 21h30:
Ahhhh f0d@&&3!!!! Que horror! Qué isto?? Isto é horrível!! Que dores!!!! Dê-me drogas!! Epidural!! Epidural!!
Novo toque e... 1 cm de dilatação!!
22h00:
O anestesista vem informar-me que de acordo com as minhas análises, não posso levar epidural!
Ahhhh é karma, de certeza, com tantas vezes que disse que não sabia se queria levar!!!
Repetimos as análises para confirmar e enquanto esperava os resultados tiraram-me o medicamento do demónio da veia!
22h30:
Tudo certo, foi erro do laboratório!
A sério?! Prefiro nem desenvolver este assunto agora! Era a epidural, mas podia ter sido outra coisa bem mais grave!
23h00:
Heaven, I'm in heaven!! Melhor droga do mundo! Nada, sinto nada!
00h00:
3 cm de dilatação
Pergunto à médica como iria saber quando fosse altura de nascer, uma vez que não sentia nada, esta explicou-me que iria sentir a pressão cada vez mais forte e quando assim fosse para a chamar!

Nesta fase, eu ando de bata de hospital desde o dia 1, de manhã, de fralda tamanho XXL desde que me rebentaram as águas, com dois guindastes a segurar a medicação para a veia e com um clister feito (sim, que isto da criança nascer no meio de cocó, não estava com nada)
Pedi para ir à WC fazer xixi e como já tinha levado a epidural, deram-me a cereja no topo do bolo: a arrastadeira!! Como não gostar!!?

1h15
Novo toque - yep, bar aberto!
Bom, vou mudar de roupa e vamos conhecer o seu bebê!

Eu sabia que estava lá havia dois dias, que só queria que o bebê nascesse, que, nesta fase, para ser honesta, nem conseguia pensar em nada! Só pensei: "já?"
Eu sabia que não era"já" pelo tempo que ali estava mas um "já" diferente, aquele que me fazia sentir um misto de emoções como nunca antes havia sentido:
Já vou ser mãe!
Já vamos ser uma família!
Já te vou conhecer!
Já passou tão rápido!
Já serás menina ou menino!
Já se irá realizar o meu sonho!
Já que a nossa vida vai mudar para sempre!

Tive a "casa" cheia e uma das auxiliares ao entrar diz:
Ah esta rapariga é muita rápida! Foi feita para isto!
Senhora, estou aqui há dois dias!
Ah, mas assim que começou a dilatar foi uma rapidez!

E foi, em duas horas fiz a dilatação toda e depois de 15 minutos a fazer uma força surreal, senti o meu bebé a sair de dentro de mim!

1h50:
"Parabéns, já nasceu! É uma Maria Clara"

E foi ali, no momento em que a puseram em cima do meu peito, enquanto tremia de cima a baixo, que disse ao amor da minha vida "Olá meu tesouro, sou a tua mãe!"





Só as mães sabem

Amar-te. É sentir saudades tuas todos os segundos, mesmo que estejas a meu lado. É ser irracional e querer cuidar-te sempre. Para sempre. Co...