segunda-feira, 31 de julho de 2017

What to expect while you're expecting?

Sim, este é também o título de um filme que vi em tempos e que me fez todo o sentido do mundo. E se fez nessa época, agora então...

A história de 4 mulheres que engravidam na mesma altura e a absoluta diferença de experiências, sentimentos, predisposições, expectativas e desilusões que cada uma tem ou desenvolve.
É este o mote para um filme que tão depressa nos leva às mais rasgadas gargalhadas como às mais sentidas lágrimas, o que, no fim de tudo, é o desenho perfeito da gravidez!

Antes de engravidarmos julgamos saber tudo, temos as teorias todas, ouvimos as experiências dos mais velhos ou de quem já passou por este estado de graça e imaginamos que connosco vai ser mais ou menos da mesma forma.
Com o passar dos anos e a experiência adquirida, vamos formando as nossas opiniões e passamos a gritar bem alto, tais experts na matéria: "vou fazer isto de certezinha"... "mas aquilo e o outro comigo não vão acontecer"!
E, possivelmente, quem já passou pela coisa, olha-nos de cima a baixo, põe um sorriso de paisagem e pensa: "é sorrir e acenar, rapazes; sorrir e acenar" (sim, hoje deu-me para as referências cinematográficas)! Coitada, sabe de nada a inocente!

E é assim mesmo! 

Sabemos, desde sempre, que queremos ser mães, mas quando o teste dá positivo, a mistura de sensações que nos atravessa o corpo é avassaladora! 
Choramos, rimos, rimos e choramos. Estão reunidas as condições para as hormonas começarem aos saltos!
A verdade é que não, não fazíamos ideia ao que íamos!
Queríamos muito uma menina, mas achamos que vamos ter um rapaz! Depois ponderamos que é um rapaz durante 4 ou 5 meses e quando o médico nos diz que é rapariga já não sabemos se devemos ficar entusiasmadas ou desiludidas!
As primeiras noites não dormimos e associamos o descontrolo às ditas hormonas, quando no fundo, estamos borradinhas de medo de tudo! De sermos capazes, de saber o que fazer com o bebé que ai vem, se vamos ser bons pais, se vamos ser capazes de cumprir tudo o que gostaríamos de cumprir na educação deles, se vamos sempre ter estabilidade económica para os sustentar e educar! 
Fazemos contas a tudo e listas de tudo e mais alguma coisa! 
A mãe mais recente que conhecemos comprou todo o arsenal para o quarto do bebé e nós só ainda tínhamos pensado no berço e já isso não estava mau de todo!

Começamos a comprar roupa nova devido à pança que se forma e pensamos que para nós já chega de gastos, quando nos perguntam: "e a camisa de dormir para o hospital, já compraste? e os soutiens de amamentação? e os discos, é melhor teres também! Ah e as cuecas descartáveis do Jumbo são as melhores, são elásticas e de rede!" WHAT???? Camisa de dormir?? Cuecas quê???
No meio da camisa de dormir gigante, das cuecas descartáveis, dos pensos XXL, das olheiras e do andar novo, só nos passa uma coisa pela cabeça (pela minha, pelo menos): que me valha o cabelinho aos caracóis, lindo e cheio de volume!!

Mas no meio deste inevitável desassossego eis que surge a nossa nova silhueta ao espelho e as festas infinitas na barriga, desenrolam-se as conversas com o nosso rebento como se ele já ali estivesse ao nosso lado e a olhar para nós com o sorriso mais maravilhoso deste mundo e aumenta, de dia para dia, a curiosidade de conhecê-lo! 
Vem o desejo de comprar tudo o que são roupinhas pequeninas e fofinhas e colocá-las por cima da nossa barriga, chegam as primeiras botinhas e imaginamos os seus pézinhos lá dentro, olhamos para o gorrinho e perguntamos se será cabeludo ou um nenuco!
Vem tudo isto, e tudo isto é tão bom!

No filme, há quem tenha adorado a gravidez, há quem a tenha detestado; há quem tenha tido um parto horrível e há quem tenha dado à luz com a ajuda de um espirro; há quem tenha passado 9 meses em cima de saltos altos e há quem não tenha conseguido calçar mais nada a não ser havaianas!
Há quem se tenha sentido uma princesa e há quem se sinta sem um pingo de brilho!
Há isto tudo; há o que nos torna diferentes, há o que nos torna únicas e há aquilo que nos une a todas, sermos mães! 












terça-feira, 25 de julho de 2017

Estado de graça!

Sabem aquelas pessoas que parecem um burro a dar um coice quando, no seu íntimo, acham que estão a ser o mais amável possível? Prazer, eu! 
Tendo em conta esta predisposição natural para o mau feitio, qual o meu espanto quando agora, de repente, do nada, ou melhor, 4 meses e uma pança proeminente depois, percebo que toda a população não estava contra mim, afinal, só ainda não estava grávida!

Chego à farmácia ( que normalmente tem 30 pessoas à minha frente) e tiro a senha prioritária! Ainda hesitei, mas tendo em conta que nunca estive grávida e o peso que tenho agora nunca na vida tinha tido, o raio dos pés já incham, a coluna já doí e as pernas já pesam, decidi! Exerço o direito que tenho e saco da dita senha!
Não demorei 5 minutos a ser chamada, dirijo-me ao balcão e começo a ouvir um senhor nos seus 60 anos a dizer para outro: 
- N'ouves (sim pessoal, estamos no Algarve e algumas pessoas falam assim), que númere é que tens?
- É cá tinha o 370, mas parece que agora chamaram o 375, na tou a perceber nada diste! Tã e tu?
- É tenhe o 372...

E eles lá continuaram nisto, muito indignados, enquanto olhavam para as senhas e para mim, para mim e para as senhas, com uma clara e evidente vontade de me esganar!!
Achei por bem intervir, até porque não queria deixar ninguém pensar que me tinha infiltrado na fila assim à maluca.

- Olhe desculpe - começo eu - eu tirei a senha prioritária, porque estou grávida. Peço desculpa!

Ahhhhh a palavra mágica, eis que uma auréola surge por cima da minha cabeça, uma luz linda e brilhante circunda-me e o estado de graça entra agora na minha vida! Já me tinham explicado todo o mimo e atenção que iria ter, mas isto meus senhores, não estava à espera!

- Oh menina, é qu'peçe desculpa! 'teja à vontade! Na se preocupe...agente espera que tem tempe! 
Seguido de um sorriso rasgado de canto a canto.


O segundo estado de graça aconteceu no estacionamento. Andava eu à procura de lugar, quando vi que um carro estacionado ia sair; marcha atrás com ela, pisca para a direita e travão de mão puxado!

"Mas que raio, nunca mais saem dali?? Se calhar estão a estacionar...bom, mais 5 minutos, senão vou-me embora" (yep, paciência também não é o meu forte).
BIIIPPPPPPPPPPP - começa o meu vizinho de trás, faço-lhe um sinal com a mão! Não! não foi esse! Foi o outro de pedido de tempo, como fazem no desporto. "Aguenta aí os cavalos amigo, estou mesmo quase" - pensava e esperava eu!
Nada! O carro continuava estacionado, as pessoas lá dentro, nenhum sinal de marcha-atrás e uma fila de carros estava a formar-se atrás de mim!
"Bom, talvez seja melhor ir lá perguntar se vão mesmo sair" - penso eu.

Saio do carro e olho para o dito senhor que estava parado atrás de mim, e tento pedir-lhe desculpa com o típico aceno de mão - "Olhe desculpe lá, pensava que isto demorava menos tempo..."
E eis que, na posição lateral, ele consegue visualizar a minha pancinha de grávida e imediatamente me abana a cabeça afirmativamente, estica a mão e dá-me sinal para prosseguir - "Ahhhhh a auréola novamente!!!" - penso eu, emocionada!
Caminho na direção do carro estacionado e bato levemente no vidro, e foi aqui, precisamente neste momento, que percebi que a gravidez se trata MESMO de um estado de graça e que faz bem, muito bem às pessoas, ficam mais simpáticas, mais queridas, mais bem dispostas. As grávidas também ficam, mas especialmente aqueles que se cruzam connosco!

A senhora olha para mim por cima dos óculos de sol, com ar de poucos amigos, enquanto ainda estou dobrada ao lado dela, desce o vidro e da-lhe um género de espasmo seguido de AVC como quem diz: "o que é que queres?"
Ponho-me em posição recta ao mesmo tempo que lhe pergunto se vai sair.
Pois é...a barriguinha novamente...! Aparece-lhe, vindo não sei bem de onde, um sorriso que mostrava o bom dentista que a senhora frequentava em conjunto com um "claro que sim, vou sair já, já!"
Agradeci, sorri e retirei-me para o meu carro, onde a fila atrás de mim já tinha uns bons 6 carrinhos em espera...tranquilo!

Num mundo em que é tão raro presenciarmos actos de compreensão, humildade e carinho para com o próximo, este nosso estado de graça conseguir transformar este mesmo mundo num sitio bem melhor para os nossos rebentos crescerem, parece-me justificação suficiente para as auréolas e a luz própria que ganhamos enquanto aguardamos o nosso maior tesouro!


















sexta-feira, 21 de julho de 2017

O amor e o medo!

Ser mãe sempre fez parte de todos os planos da minha vida. Umas vez mais presente que outras, mas a vontade e até mesmo a necessidade esteve sempre lá.
O texto abaixo foi escrito em Fevereiro, no âmbito do Campeonato de Escrita Criativa de Pedro Chagas Freitas, que participei. Ironicamente (ou não) escrevi sobre este tema que, parece-me, fazer todo o sentido ser partilhado agora! 

Fere-me o medo.
Amanhã poderá ser uma utopia, mas por que motivo temo-lo, então, como dado adquirido?
Acreditamos (ainda que saibamos conscientemente que não) viver para sempre!

05 de Fevereiro de 2008
Fere-me profundamente o medo de não te olhar ou de não te ouvir dizer que gostas de mim.
As entranhas revoltam-se e agonizam quando penso que não irá acontecer, que tudo não passou de um sonho que foi sendo adiado.
Revolta-me, por mais que me envergonhe ter tais pensamentos, essa forma de felicidade estampada nos rostos dos outros, sendo que a minha tarda em chegar!

Carta ao Sol da minha vida
“Quando te quis pela primeira vez não tive medo! Tive uma vontade absurda conjugada com uma irresponsabilidade própria da idade! Nada mais interessava a não seres tu!
A vida encarregou-se de não ser muito gentil comigo, e tu...? Bom, tu voltaste para o patamar dos sonhos, aquele cantinho do coração onde ficam os amores incondicionais e adiados.
O meu mundo desabou vezes sem conta, e a ideia de puder abraçar-te e aconchegar-te no meu colo estava cada vez mais longe, e isso magoava-me, feria-me, amedrontava-me! Mas não desisti de ti! Nunca! Jamais!"

26 de Junho de 2016
Hoje o meu medo é tão diferente meu amor, ainda me fere, e como fere! Mas quero que saibas que o amor supera sempre o medo, e só tem medo quem tem dez vezes a mesma medida em coragem! Se tiveres medo um dia, sorri, significa que estás no caminho certo!

- "Mamã, mãezinha, ajuda-me! Caí e magoei o joelho! Dói mãe!!"


(O amor e o medo, em medidas carinhosamente exageradas, nunca estiveram tão bem representados).

quarta-feira, 12 de julho de 2017

Estar grávida!

Meus amigos, sempre nos pintaram, especialmente a nós mulheres, que a gravidez era algo especial, mágico, maravilhoso, transcendente...! E é! Isso e muito, muito mais! O "mais" é que nem sempre nos explicam!
Pois bem, estava eu na minha 11ª semana de gestação quando apanhei as primeiras "vergonhas" de grávida! E a história de um fim de semana começa assim:

Episódio I

Fomos visitar uns amigos nossos que já não víamos há algum tempo, e entre os bolinhos de canela (disseram-me que não deveria comer esta especiaria), cervejolas, presunto (idem, aspas quanto à proibição), pipocas doces e água, que eles simpaticamente ofereceram, fiquei-me por estes últimos.
A fome era uma constante nesta altura, e como tal, aquelas pipocas estavam a saber-me à vida!
A coisa durou o tempo suficiente para comer o pacote todo, e de seguida emborcar um bom meio litro de água, até que uns calafrios seguidos de dores de barriga começam a dar conta de mim.
- Bom, vou até à wc, isto agora é uma constante! Digo eu com o ar mais natural possível, pois toda a gente sabe que as grávidas fazem muito xixi!
Volto de lá de bexiga semi-vazia (pois temos sempre a sensação que ela não esvazia completamente) e com dores de estômago e más disposições ao rubro, mas aguento-me!
Trocamos meia dúzia de palavras, e juro que isto não durou mais que 10 minutos até me levantar novamente com o mesmo ar de descontracção - lá tenho que ir outra vez! - enquanto solto uma gargalhada meio tímida, meio parva!
As minhas desculpas aos mais sensíveis, mas, abençoada sanita! Foi a primeira vez, de toda a minha gravidez, que vomitei, e só dei graças a todos os santos por ao lado da sanita estar o detergente desinfectante!
Não foi bonito! Fiquemos por aqui!

Vim de lá com a sensação de que toda a gente iria perceber o que tinha feito, e como tal optei por antecipar-me:
 - Olha, vomitei! 
- Então? - perguntam-me
- Então, coisas de grávida, ainda não me tinha acontecido, vê lá tu, deve ter sido do jantar - digo eu com o ar mais suspeito desta vida! 
Não...! Não foi por papar o pacote de pipocas inteirinho e a seguir ensopá-las com meio litro de água!! Não!! Foi por estar grávida, claro!!! 

Episódio II

No dia seguinte fomos ver um espectáculo de dança de miúdos entre os 5 e os 10/12 anos.
O meu dia estava impecável, tinha almoçado bem, estava bem disposta e de bem com a vida, o espectáculo inicia, os miúdos começam a dançar ao som de uma qualquer música clássica (que nem sequer gosto) e o nó na garganta começa a formar-se, os olhos a ficarem húmidos e as lágrimas a escorrerem-me pela cara! Passo a mão pela barriga, olho para o Ricardo e digo-lhe:
- Estou a chorar!
- Então? Porquê? - pergunta-me ele completamente indignado.
E com o ar mais honesto e desconcertado que me surgiu, respondo - Não sei...! Hormonas?

Episódio III

Nessa noite fomos jantar a casa de outros amigos nossos, que diga-se de passagem, cozinham divinalmente!
Entre entradas (que eu podia comer, yeaaiiihhh), arroz de tamboril (que repeti três vezes) sobremesa e fruta, estava tudo óptimo, óptimo, óptimo!
Terminado o banquete, digo que seria melhor sentar-me no sofá, pois a cadeira já começa a tornar-se desconfortável.
Sentei-me e tenho a leve sensação de ter balbuciado qualquer coisa como:
- isto agora...gravidez...pancadonas de sono...
E pronto! Mais nada!
Quando dei por mim, abri os olhos, olhei à minha volta, e os nossos amigos estavam ao meu lado e o Ricardo no sofá da frente, todos concentrados a ver um filme.
Não fiz barulho nenhum, nem disse nada, pensei: ah eles nem repararam, isto deve ter sido uma fracção de segundos, se bem que me lembro de sonhar...hmmm...vamos lá ver o filme então!

Voltei a abrir os olhos, e eles estavam nas mesmas posições a ver o mesmo filme, que nem tive tempo de perceber qual era, dei um salto do sofá, olhei para o Ricardo e disse-lhe:
- Vamos embora, já me deixei dormir aqui duas vezes, até sonhei! Que vergonha!! Isto nunca, nunca, nunca me tinha acontecido!!
- Nunca estiveste grávida - responde-me a minha amiga e também recente mamã, com o ar mais querido e compreensivo do mundo!


Beijinhos e até aos próximos capítulos!















Só as mães sabem

Amar-te. É sentir saudades tuas todos os segundos, mesmo que estejas a meu lado. É ser irracional e querer cuidar-te sempre. Para sempre. Co...