terça-feira, 24 de outubro de 2017

O tempo perguntou ao tempo...

...quanto tempo o tempo tem, o tempo respondeu ao tempo, que o tempo tem tanto tempo, quanto tempo o tempo tem!

E o tempo passou! E de que forma... passou a uma velocidade estonteante como nunca antes havia passado!
De repente acabou o Verão...
De repente fala-se em consultas no Hospital...
De repente iniciam-se as aulas de preparação para o parto...
De repente as roupinhas começam a ser lavadas...
De repente a mala está feita...
De repente fazem-se as compras finais...
De repente chegamos aos oito meses!

Passamos pelas dúvidas, pelas questões, pela descontracção própria da ingenuidade de quem não sabe ao que vai e que ainda está a aprender a gerir as emoções, para dar lugar à curiosidade, à serenidade e a alguma ansiedade!

Contornamos, de forma tranquila, as sentenças duras ou infundadas mas tidas como verdades absolutas, perpetuadas pela experiência inquestionável de quem as defende!

Decidimos que não queremos epidural, levando com o revirar de olhos de quem acha que está na presença de um Ser de outro planeta que não sabe do que fala!

Equacionamos não amamentar se isso se transformar num martírio para nós colocando em causa a nossa sanidade mental, sabendo que, por isso mesmo, já estamos a ser más mães aos olhos de quem sofreu horrores com o processo mas que o fez porque sim, porque é o melhor para o bebé, porque faz parte ou porque não quis ir contra a opinião em jeito de seita, da mãe, da avó, da tia, da prima, do periquito ou da vizinha do primo da cunhada...

Descobrimos que a dilatação ocorre através da libertação de ocitocina e que nada melhor que fazer amor ou ter um orgasmo para que isso aconteça! Levamos novamente com o revirar de olhos, mãos na boca reprovadoras e sorrimos.

Chegamos à conclusão que a gravidez é nossa e só nós, pais, mandamos nela, mesmo quando temos 3500 pessoas a opinar sobre o assunto!
Aprendemos a filtrar informação e não aceitar tudo aquilo que nos vendem porque, especialmente, acreditamos que quem o faz, fá-lo com a melhor das intenções!

Podemos afirmar que chegamos à primeira fase da aprendizagem de ser mãe, e que saber pensar pela própria cabeça é a melhor forma de amor e compreensão que temos para connosco e que, futuramente, iremos ter para com os nossos rebentos!

O tempo passou! E as nossas gargalhadas surgem acompanhadas de uma lágrima envergonhada cada vez que o nosso bebé se mexe dentro de nós, de cada vez que interage connosco, de cada vez que reage à nossa voz! 
De cada vez que sabemos estar mais próximas de o ter nos braços. 

O tempo passou! E não demos conta porque estivemos ocupadas a aprender a ser outra pessoa, aquela que seremos para o resto da vida: mãe!



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